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Etiologia e Fisiopatologia da Dependência Química

A dependência química é um transtorno de etiologia multifatorial que vai além dos fenômenos causados ou desencadeados pela droga, abrangendo também, a suscetibilidade individual e o contexto social em que o indivíduo encontra a substância. Desse modo, cada indivíduo pode sentir os efeitos das substâncias psicoativas de forma diferente, algo que já vem sendo demonstrado entre os adolescentes que experimentam os efeitos decorrentes do consumo de drogas de modo mais intenso que os adultos.

As substâncias psicoativas são aquelas que, quando consumidas, desencadeiam ação estimulante direta nos sistemas cerebrais sistema mesolímbico-cortical (região do cérebro responsável pelas sensações de recompensa e prazer) e são capazes de modificar a consciência, o humor, o pensamento e o estado físico. O uso recorrente causa a dependência química, uma doença crônica, redicivante, cuja característica essencial é um padrão compulsivo pela busca e pelo consumo da droga apesar das consequências adversas.

O sistema de recompensa cerebral comanda as necessidades essenciais à sobrevivência do indivíduo e da espécie. Atividades que estimulam e que ativam este circuito, liberam neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar e prazer (sobretudo dopamina e glutamato) e, consequentemente, desejo por repetir a experiência. Desse modo, este circuito está relacionado ao mecanismo de condicionamento ao uso da substância, bem como a fissura, à memória e às emoções ligadas ao uso.

Na dependência química, ocorre uma alteração neste circuito. A adição às drogas aumenta a liberação de dopamina(neurotransmissor responsável pela sensação de prazer)e promove uma “superestimulação” no sistema de recompensa liberando muita dopamina no cérebro. Assim, por estar constantemente estimulado pela presença da droga, o cérebro passa a sintetizar menos dopamina e liberá-la apenas perante estímulos cada vez mais intensos.

O uso crônico de drogas está relacionado à redução dos níveis de dopamina disponíveis no sistema de recompensa durante os intervalos de uso. Diante da interrupção do consumo, a escassez de dopamina no cérebro leva aos primeiros sintomas de abstinência: a irritabilidade e a perda de prazer em outras atividades diferentes do uso de drogas. Esta “superestimulação” é memorizada pelo sistema, o que faz um indivíduo dependente ser sempre dependente.

Quando iniciam os sintomas de abstinência, o reforço positivo que a princípio era mais forte e motivava a busca do prazer através da repetição do uso vai sendo substituído pelo reforço negativo: busca de drogas para aliviar os sintomas de abstinência. Nessa transição, o padrão de consumo vai se tornando cada vez mais compulsivo, ou seja, pensamentos e afetos ligados à droga alcançam a consciência, desencadeando um quadro de ansiedade e estresse, levando o usuário a tomar atitudes de natureza automática e impulsivas.